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A casa do esmagamento é o novo lançamento da Devolver Digital que chegou na última sexta-feira (09) para PC via Vapor.
O jogo é uma espécie de simulador de reality show onde o jogador encarna o papel da produtora Jae, responsável por todos os aspectos que levará o espectáculo para os telespectadores. A Devolver nos enviou uma cópia e agora trazemos alguns pontos sobre o jogo para vocês.
Conhecendo a casa de The Crush House
Alguns tipos de jogos são feitos pensando em públicos específicos, sem a pretensão de agradar uma ampla gama de jogadores. Jogos independentes com investimento adequado podem se dar ao luxo de explorar ideias não ortodoxas e dar vida a produções originais e temerárias. Esse é o caso com The Crush House.
Desenvolvido pelo time da Nerialresponsável pela franquia Reina e Tubarão de cartas – que conta com análise aqui no Adrenaline -, The Crush House é uma aposta diferente do estúdio, tanto em sua estética quanto no gameplay. Antes focada em jogos baseados em cartas, agora eles partem para uma proposta menos explorada nos games: um pseudo simulador de reality show.
Em The Crush House os jogadores atuam como a produtora em ascensão, Jae Jimenez Jung. Num programa de TV com todas as atribuições possíveis, nossa profissional explorada tem que dirigir, filmar, lidar com os caprichos da audiência, agradar os anunciantes e ainda atender aos pedidos do elenco.
Com a ideia de representar um reality show com temática de pegação do final dos anos 90, em The Crush House somente duas regras devem ser obedecidas: sempre agradar a audiência e JAMAIS interagir com os participantes.
Jae, ou seja, o jogador, fica responsável pelo sucesso do programa, que tem duração de uma semana, correspondendo a uma temporada. Temos que selecionar 4 entre 12 possíveis participantes, cada um com características diferentes, que irão influenciar em seu convívio dentro da casa. De dentro de um puxadinho insalubre, Jae verifica em seu computador o relatório diário de audiência, quais as próximas metas a serem batidas – que sempre aumentam -, além dos desafios a serem compridos para que consiga fechar a temporada. Isso tudo com a organização do reality show pressionando, porque o programa pode ser cancelado a qualquer momento.
Mas existe bem mais do que a transmissão mostra aos seus espectadores. Os participantes querem ser favorecidos e solicitam conversas noturnas com Jae para que ela os ajude a ganhar mais destaque no show. Além de uma voz misteriosa que chama Jae através de seu rádio comunicador para expor a rede televisiva e seus podres. Uma trama que começa divertida, mas esconde algo sombrio.
Reality Show é o jogo da vida
Um dos grandes destaques para mim nos jogos da Nerial é a maneira como ela consegue transpor a jogabilidade para seus jogadores de forma orgânica. Embora Reigns tenha uma gameplay mais explícita, em Card Shark experimentamos uma sinergia muito interessante entre a arte, que é tão latente no jogo, com uma jogabilidade fluída que em nenhum momento soa estranha ao jogador. Essa é uma conquista em game design a ser celebrada pelos desenvolvedores.
Em The Crush House vemos uma experimentação da Nerial, que ainda não havia trabalhado o 3D de maneira mais aprofundada. E, embora eu ache que a premissa de fluência entre gameplay orgânica aqui não tenha funcionado em sua plenitude, toda a expertise da desenvolvedora se fazia presente.
Sempre simplificando para o jogador, os comandos aqui são muito intuitivos, com poucas ações disponíveis, com foco em operar uma câmera para gravar os participantes do reality show. E boa parte disso deve ser orientado pelo feeling do jogador, que deve perceber as interações dos participantes e as exigências das audiências – que são separadas em dezenas de grupos com expectativas diferentes, querendo bisbilhotar, ver romance, brigas e até objetificando o corpo dos participantes -, e com isso cumprir os objetivos e missões impostos pelo jogo e fechar o dia agradando todo mundo.
O jogo é dividido em temporadas, com cada uma tendo uma semana de duração: de segunda a sexta tem reality show e no sábado tem encerramento – isso, caso você não falhe e a temporada seja cancelada. Cumprindo todas as missões do dia, os jogadores progridem, ganham novas audiências para o próximo dia e novos anunciantes. Os anunciantes possibilitam que a grana entre na produção, e com ela os jogadores podem comprar novos itens para casa.
Como num reality show de verdade, o que manda aqui é o equilíbrio entre agradar a audiência e se arriscar em algumas missões, o que pode ocasionar o desastre total.
Você se inscreveria nesse reality show?
Não acredito que The Crush House seja um jogo que irá estourar a bolha, que irá para além do seu nicho. Nicho esse que é até difícil de indicar com precisão, porque, embora tenham similaridades com jogos de simulação, como The Sims, suas mecânicas são de um escopo bem menor e não apresentam a mesma magnitude dessas produções – e nem acredito que esse seja o objetivo.
Com um tempo médio de umas oito horas de gameplay, o jogo guarda algumas surpresas para aqueles que avançarem na história. Para além dessa expectativa, ele pode agradar pela sua jogabilidade incerta, baseada não na precisão de apertar botões ou na certeza de seguir um roteiro, mas na ocasionalidade que é a grande sacada do jogo, o tornando imprevisível, como um bom reality show deve ser.
O Show Amaldiçoado já está disponível para PC via Vapor.
Uma cópia de The Cursed Show foi cedida pela Devolver Digital ao Adrenaline para a realização deste texto.
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