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Pela primeira vez no continente europeu, as vendas de veículos híbridos foram maiores que os a gasolina. Se essa é uma boa notícia para o esforço da transição que a Europa está fazendo rumo à mobilidade sustentável, não afasta algumas nuvens negras que estão pairando sobre o setor.
Venda de tantos híbridos será um sinal de indefinição do mercado?
Sinal dos tempos ou apenas circunstancial? Talvez ainda seja cedo para tirar conclusões definitivas, mas a verdade é que pela primeira vez na história as vendas de carros híbridos na Europa superaram as vendas de veículos a gasolina.
Dados revelados pela Associação Europeia de Construtores de Automóveis (ACEA), a comercialização de modelos híbridos cresceu 12,5% em setembro (comparando com o período homólogo), alcançando assim uma fatia de mercado na ordem dos 32,8%.
Já no que concerne aos automóveis a gasolina, e no mesmo período, a queda nas vendas foi de 17,9%, representando agora 29,8% do mercado. Este pode ser mais um sinal da transição que o continente europeu está a efetuar para a mobilidade sustentável, com as marcas apostando forte em novos modelos eletrificados.
É que as vendas de carros elétricos também aumentaram 9,8% em setembro, atingindo uma participação de mercado de 17,3% no continente europeu. Queda acentuada é verificada nos carros a diesel, cujas vendas caíram 23,5% e que agora apenas representam 10,4% do total do mercado.
Não obstante esses números encorajadores, a ACEA diz que o ritmo da eletrificação da frota de automóveis europeia ainda não é suficiente. Sigrid de Vries, diretora-geral da entidade, disse, citada pela agência ANSA, que "os números de hoje mostram que ainda estamos longe do próspero mercado elétrico que a Europa precisa".
Desafio para a meta 2035
Como é sabido, a União Europeia tem como propósito proibir novos veículos a combustão a partir de 2035, embora a indústria automotiva e alguns Estados-membros, como a Itália ou a Alemanha, estejam a fazer pressão para que este prazo seja flexibilizado.
A proposta faz parte do pacote "Alvo 55"um conjunto de medidas que visa reduzir as emissões de CO₂ em pelo menos 55% até 2030, tendo como horizonte a neutralidade de carbono em 2050.
Uma das ações mais radicais deste plano é a proibição da venda de carros movidos a gasolina e diesel a partir de 2035. A ideia é substituir gradualmente os veículos com motores de combustão interna por veículos elétricos ou movidos a hidrogénio, que emitem menos ou mesmo nenhum CO2.
A proposta foi recebida com agrado por defensores do ambiente, que consideram a eletrificação dos transportes um passo fundamental para travar o aquecimento global. Além disso, a transição para veículos elétricos poderia reduzir a dependência da UE de combustíveis fósseis, reforçando a segurança energética do bloco.
Reservas dos construtores
Apesar das boas intenções da UE, muitos construtores automóveis expressaram preocupações sobre a viabilidade desta transição. Entre as principais reservas está o ritmo acelerado da medida.
Para a indústria automóvel, a proibição em 2035 é um objetivo ambicioso que poderá não ser alcançável para todos os fabricantes e mercados. E apontam os problemas mais prementes:
- Infraestrutura insuficiente: A infraestrutura de carregamento de veículos elétricos na Europa ainda está longe de estar pronta para suportar uma transição total para a mobilidade elétrica. Muitos países, especialmente no sul e leste da Europa, têm redes de carregamento mal distribuídas e de capacidade limitada. Os construtores afirmam que sem uma infraestrutura robusta, os consumidores poderão não aderir à mudança, colocando em risco os seus negócios.
- Custos elevados: Outro desafio é o custo de produção de veículos elétricos, que continua a ser significativamente mais elevado do que os veículos a combustão. Embora o custo das baterias esteja a cair, os preços dos carros elétricos ainda são proibitivos para muitas famílias. Os fabricantes temem que a transição abrupta possa afetar negativamente as vendas, especialmente em mercados menos desenvolvidos.
- Empregos em risco: A transição para a eletrificação também poderá ter um impacto significativo no emprego. A produção de veículos elétricos requer menos mão de obra do que os veículos com motores a combustão, uma vez que os motores elétricos têm menos peças móveis. Muitas empresas de componentes automotivos, especialmente aquelas que produzem peças específicas para motores a combustão, poderão enfrentar dificuldades econômicas ou até mesmo fechamentos.
Multas milionárias à vista
E há ainda outro problema no horizonte imediato e que está relacionado às multas milionárias que as empresas do setor automotivo poderão enfrentar em 2025.
Estamos falando do eventual não cumprimento das metas de redução de emissões de dióxido de carbono (CO₂). É que a União Europeia se prepara para baixar o limite para apenas 94g/km em 2025, o que representa um corte de 19% e que promete ser uma valente dor de cabeça para a maioria dos fabricantes. O valor aprovado em 2020 era de 115,1g/km. E já não foi fácil.
Como se pode constatar, se a proibição dos novos veículos a combustão a partir de 2035 coloca a UE na vanguarda da luta contra as mudanças climáticas, também coloca consideráveis, tanto em termos de infraestrutura quanto de impacto econômico.
O sucesso dessas medidas dependerá da capacidade da União Europeia de equilibrar suas metas ambientais com as realidades econômicas e sociais da indústria automobilística e de seus consumidores.
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